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135º aniversário do nascimento de Aristides de Sousa Mendes

No dia 19 de julho assinala-se o nascimento de Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus que salvou milhares de vidas.
19 jul 2020, 09:10
Foto de Aristides de Sousa Mendes em 1940 (© Comité Sousa Mendes, Famille de Sousa Mendes)
Foto de Aristides de Sousa Mendes em 1940 (© Comité Sousa Mendes, Famille de Sousa Mendes)

No ano em que se comemora o 135º aniversário do nascimento de Aristides de Sousa Mendes, assinalam-se também os 80 anos sobre o salvamento pelo Cônsul de Portugal em Bordéus, de milhares de homens, mulheres e crianças, muitos deles judeus.

O aniversário de Aristides de Sousa Mendes é celebrado neste vídeo que S.Exa. o Ministro do Negócios Estrangeiros gravou para assinalar esta data.

Aristides de Sousa Mendes nasceu na pequena aldeia de Cabanas de Viriato, concelho do Carregal do Sal, no Distrito de Viseu a 19 de Julho de 1885. Era filho de Maria Angelina Ribeiro de Abranches e de José de Sousa Mendes, magistrado, que chegou a exercer o cargo de juiz desembargador do Tribunal da Relação de Coimbra.

Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, juntamente com o seu irmão gémeo, César. Decidiu seguir a carreira diplomática, tendo em 1910 sido admitido, através de concurso, como cônsul de 2.ª classe.

Ao longo da sua carreira de diplomata ocupou diversas delegações consulares pelo mundo, tais como Guiana Britânica, Zanzibar, Brasil, Estados Unidos da América ou Espanha.

Em 1938, é nomeado cônsul em Bordéus por Salazar, presidente do Conselho de Ministros e ministro dos negócios estrangeiros.

No dia 14 de Junho de 1940, Paris, capital de França, caiu nas mãos do exército alemão. O governo francês refugiou-se na cidade de Bordéus, à qual acorreram milhares de pessoas, em pânico, que queriam abandonar rapidamente a Europa.

Vivia-se uma situação caótica e Aristides viu-se confrontado com um dilema moral. Poderia conceder os vistos necessários para que aquelas pessoas pudessem deixar o território francês, mas iria desrespeitar as regras impostas pelo seu governo. Num gesto de humanidade e empatia pelo sofrimento do outro, decidiu conceder vistos de entrada em Portugal a milhares de refugiados, contrariando ordens expressas de Salazar, que através da “Circular 14” condicionava a emissão de vistos aos refugiados a prévia autorização do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da PVDE (a Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado, em 1945 substituída pela PIDE).

Esta desobediência de Aristides de Sousa Mendes foi severamente punida, pois foi suspenso da função de cônsul e posteriormente aposentado compulsivamente. Durante o processo disciplinar, Aristides de Sousa Mendes não recuou nos seus propósitos humanistas, afirmando peremptoriamente: Era realmente meu objectivo “salvar toda aquela gente”. Faleceu em Lisboa, em 1954.

Anos mais tarde e postumamente as ações de Aristides de Sousa Mendes foram reconhecidas e homenageadas, tendo-lhe sido atribuídos diversos títulos, nomeadamente em 1966 o título de “Justo Entre as Nações” em Jerusalém e 1986  recebeu a título póstumo o grau de Oficial da Ordem da Liberdade. Em 1988 a Assembleia da República aprovou uma lei que o reabilitou e reintegrou na carreira diplomática a título póstumo.

Reconhecida a importância de homenagear e divulgar a ação de Aristides de Sousa Mendes e de outros portugueses que apoiaram vítimas do Holocausto, bem como dar a conhecer as vítimas portuguesas do universo concentracionário nazi, foi criado o Projeto Nunca Esquecer — Programa Nacional em torno da Memória do Holocausto, que irá decorrer na segunda metade de 2020 e em 2021.